Mediunidade
Uma parte das pessoas que buscam terreiros são para ter alivio de dores e soluções de problemas, é tido como portadores de mediunidade. Estas às vezes conseguem que amenize os tormentos físicos e morais. Mais os Caboclos e Pretos Velhos alertam sobre a faculdade mediúnica e da necessidade do desenvolvimento, e dizem que sem esse desenvolvimento as pessoas jamais encontraram a reais soluções das preocupações.
A mediunidade é um dom que a pessoa espírito pede, antes de encarnar e os mentores espirituais concedem com a finalidade de oferecer oportunidade para que trabalhe em benefício daqueles irmãos a quem prejudicou em vidas passadas. Com tudo muitas pessoas esquecem esse dom que vem de berço, não procuram desenvolve-lo sendo levada pela dor e dirigir-se a templos de umbanda ou candomblé aonde é lembrado do compromisso feito antes de nascer. A principio relutante, mas esperançosa, a pessoa vendo que não pode ter sossego espiritual, se decide a frequentar as sessões de desenvolvimento.
A mediunidade verdadeira não é exclusiva de certas pessoas ou religiões. Ela pode se manifestar em espiritualistas, como em ateus, em sábios ou ignorantes, em pobres ou ricos.
Á três tipos de médium, o primeiro é do médium consciente, que no início do desenvolvimento não consegue se entregar por inteiro a entidade, trabalhando na maior parte do tempo com irradiação, sem total e completa incorporação.
O segundo caso se aplica ao médium depois de alguns anos de trabalho mediúnico, quando, mesmo tendo sido considerado médium consciente, lembra-se apenas de parte dos fatos ocorridos durante o transe mediúnico, não conseguindo fixar-se nos detalhes.
O terceiro dos casos citados é do médium inconsciente, que atingindo uma total identificação vibratória com a entidade pode abandonar-se permitindo então o mais absoluto controle de seu corpo e de sua mente pela entidade incorporada resultando disto, a não recordação de absolutamente nada do que lhe aconteceu durante a incorporação.
Algumas formas de mediunidade:
Auditiva
Forma que permite ao médium ouvir o que dizem os espíritos sem que as outras pessoas ouçam também. É uma forma de comunicação que chega de forma de mensagem oral, embora seja apenas sentida e não realmente registrada pela audição.
Desdobramento
Forma que permite ao médium afastar-se do seu corpo físico, deslocando-se no tempo e no espaço e retornando posteriormente sem que a pessoa sofra algum dando durante esta ausência. Geralmente o médium guarda lembranças destes acontecimentos.
Efeito Físico
É a forma pela qual a simples presença do médium resulta em fenômenos que atingem objetos ou que provocam efeitos sonoros entre outros.
Vidência
Forma que determinados médiuns possuem, que lhe permite, sob determinadas condições, ver entidades espirituais que já tiveram uma existência física entre nós.
Transporte
Forma de mediunidade que permite a um determinado médium incorporar uma entidade espiritual que habitualmente não se reserve do seu corpo físico. A mediunidade de transporte é utilizada principalmente nos trabalhos de desobsessão, quando o médium experiente, que já tenha plenamente desenvolvido seus dotes mediúnicos, tenha conseguir que o espírito que esteja obsedando alguém passe para seu corpo físico a fim de mais facilmente ser doutrinado.
Psicografia
Faculdade mediúnica que permite ao médium receber e grafar mensagens espirituais de forma mecânica, isto é na quase totalidade das vezes, o médium escreve sem saber o que esta escrevendo, como se o espírito se utiliza-se somente de seu cérebro e seu braço.
Intuitiva
Faculdade que determinado médium tem de sentir a presença de entidades e às vezes de realizar aquilo que ele(médium) tem certeza de que constitui a vontade da entidade. Quando relativa a fatos em via de acontecer, ou acontecidos e dos quais o médium tem a intuição, são chamados de premonição. Há ainda médium que não conseguem uma perfeita incorporação e trabalham sob a irradiação ou intuição que lhes é enviada pela entidade.
Incorporativa
Faculdade mediúnica que permite ao médium ceder ou emprestar seu corpo físico a um espírito para que este possa através daquele se manifestar, se comunicar através do transe mediúnico. É a posse do corpo físico do médium por um espírito que já não tem, mas um corpo físico para se manifestar.
É de todas as formas mediunicamente a mais utilizada nos terreiros de umbanda.
Clarividência
Esse tipo de mediunidade permite ao médium ver fatos passados ou futuros segundo formas diferentes e saber intuitiva, lendo em superfícies polidas (Espelhos, copos d’água, bolas de cristal etc.)
Fonte: Textos retirados dos livros Umbanda às suas ordens de J. Edson Orphanake e Iniciação à Umbanda de Diamantino Fernandes Trindade
A História da Umbanda
Zélia e Zilméia de Morais filhas do Zélio
Caboclo das Sete Encruzilhadas
Tenda Nossa Senhora da Piedade
Trecho dos trabalhos realizado na Tenda Nossa Senhora da Piedade retirado da página do Youtube Radio Toques de Aruanda
ZÉLIO
DE MORAIS E AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES ESPIRITUAIS NA UMBANDA
Em 1908, jovem Zélio Fernandino de
Morais estava com 17 Anos e havia concluído o curso propedêutico (Equivalente
ao segundo grau atual). Zélio preparava-se para ingressar na escola Naval,
quando fatos estranhos começaram a lhe acontecer.
Ora ele assumia a estranha postura de um
velho, falando coisas aparentemente desconexas, como se fosse outra pessoa e
havia vivido em outra época, e em outras ocasiões, sua forma física lembrava um
felino lépido e desembaraçado que parecia conhecer todos os segredos da
natureza, os animais e as plantas.
Este estado de coisas logo chamou a
atenção de seus familiares, principalmente porque ele estava se preparando para
seguir carreira na Marinha, como aluno oficial. Esse estado de coisas foi se
agravando e os chamados “ataques” repetiam-se cada vez com mais intensidade. A
família correu então ao médico Dr. Epaminondas de Morais, também da família,
diretor do Hospício da Vargem Grande e Tio de Zélio.
Após examiná-lo e observá-lo durante
vários dias, reencaminhou a família, dizendo que a loucura não se enquadrava em
nada do que ele havia conhecido, ponderando ainda, que melhor seria
encaminhá-lo a um padre, pois o garoto mais parecia estar endemoniado. Como
acontecia com quase todas as famílias importantes da época, também havia na
família um padre católico. Através desse sacerdote, também tio de Zélio, foi
realizado um exorcismo para livrá-lo daqueles incômodos ataques. Entretanto,
nem esse nem os dois outros exorcismos realizados posteriormente, inclusive com
a participação de outros sacerdotes católicos, conseguiram dar a família Morais
o tão desejado sossego, pois as manifestações prosseguiram, apesar de tudo. A
partir daí a família passou a correr atrás de toda e qualquer melhora, ou
melhor informação que lhe trouxesse a esperança de uma solução para seu filho
querido.
Um dia alguém sugeriu que isso era coisa
de espiritismo e que o melhor era encaminhá-lo á recém-fundada Federação
Kardecista de Niterói, município vizinho aquele que residia a família Morais,
ou seja, São Gonçalo das Neves. A federação era então presidida pelo Sr. Jose
de Souza, chefe de um departamento da marinha chamado Toque Toque.
O jovem Zélio foi conduzido a 15 de
novembro de 1908, à presença do Sr. José de Souza. Estava num daqueles chamados
ataques, que nada mais eram do que incorporações involuntárias de diferentes
espíritos; e lá chegando, o Sr. José de Souza, médium vidente, interpelou o
espirito manifestado no jovem Zélio e foi aproximadamente este o dialogo
ocorrido:
Sr. José: Quem
é você que ocupa o corpo deste jovem?
O Espírito: Eu?
Eu sou apenas um Caboclo brasileiro
Sr. José: Você
se identifica como um caboclo, mass eu vejo em você restos de vestes clericais.
O Espírito: O
que você vê em mim, são restos de uma existência anterior. Fui padre, meu nome
era Gabriel Malagrida e, acusado de bruxaria fui sacrificado na fogueira da
inquisição por haver previsto o terremoto que destruiu Lisboa em 1755. Mas, em
minha última existência física, Deus concedeu-me o privilégio de nascer como um
caboclo brasileiro.
Sr. José: E
qual é o seu nome?
O Espírito: Se
é preciso que eu tenha um nome, digam que eu sou o Caboclo das sete Encruzilhadas, pois para mim não existirão
caminhos fechados. Venho trazer a Umbanda, uma religião que harmonizará as
famílias e que há de perdurar até o final dos séculos.
No desenrolar dessa “Entrevista”, entre
muitas outras perguntas, o Sr. José de Souza, teria perguntado se já não
bastariam as religiões já existentes e fez menção ao espiritismo então praticado
e foram estas as palavras do Caboclo das Sete Encruzilhadas: “Deus, em sua infinita bondade, estabeleceu
na morte, o grande nivelador universal, rico ou pobre, poderoso ou humilde,
todos se tornaram iguais na morte, mais vocês homens preconceituosos, não
contentes em estabelecer diferença entre os vivos, procuram levar essas mesmas
diferenças até mesmo da barreira da morte. Porque não podem nos visitar esses
humildes trabalhadores do espaço, se apesar de não haverem sido pessoas
importantes na terra, também trazem importantes mensagens do além? Por que o
não aos Caboclos e Pretos Velhos? Acaso não foram eles também filho do mesmo
Deus? ”
Prosseguindo diante do Sr. José de Souza
disse ainda o Caboclo das sete Encruzilhadas: “Amanhã, na casa onde o meu aparelho mora, haverá uma mesa posta a toda
e qualquer entidade que queira ou precise se manifestar, independentemente
daquilo que haja sido em vida e todos serão ouvidos e nós aprenderemos com
aqueles espíritos que souberem mais e ensinaremos aqueles que souberem menos e
a nenhum viraremos as costas e nem diremos não, pois está e a vontade do pai”
Sr.
José: E que nome darão
a esta igreja?
Caboclo
das Sete Encruzilhadas: TENDA NOSSA SENHORA DA PIEDADE,
pois da mesma forma que MARIA ampara nos braços o filho querido, também serão
amparados os que se socorrerem na Umbanda.
A denominação de “Tenda” foi justificada
assim pelo Caboclo: Igreja, Templo, Loja dão um aspecto de superioridade
enquanto que tenda lembra uma casa humilde.
Desta forma em São Gonçalo das Neves,
vizinho a Niterói, do outro lado da Baía de Guanabara, na sala de jantar da
família Morais, um grupo de curiosos Kardecistas compareceram no dai 15 de
novembro de 1908 para ver como seriam estas incorporações, para eles
indesejáveis ou injustificáveis. O diálogo do Caboclo das Sete Encruzilhadas,
como passou a ser chamado, havia provocado muita especulação e alguns médiuns
que haviam sido escorraçados da mesa de Kardecistas, por haverem incorporados
caboclos, crianças ou pretos velhos, se solidarizaram com aquele garoto que
parecia não estar compreendendo o que lhe acontecia e que de repente se via
como líder de um grupo religioso, obra essa que deveria durar a sua vida e que
só terminaria com a sua morte, mas que suas filhas Zélia e Zilméia prosseguem
com o mesmo afã.
A Tenda de Umbanda Nossa Senhora da
Piedade existe até hoje. Seu patrono segue sendo o Caboclo das Sete
Encruzilhadas. Seu endereço é Rua Dom Gerardo, 51, Rio de Janeiro – próximo ao
cais das barcas para Niterói.
A Tenda Nossa Senhora da Piedade é
reconhecida hoje como a primeira Tenda de Umbanda e a data de 15 de novembro de
1908 é reconhecida como a data da fundação oficial da Umbanda.
Uma comprovação da existência do Frei
Gabriel Malagrida pode ser feita no livro de Henrique José de Souza, “Eubiose –
A Verdadeira Iniciação”
Texto
tirado do livro Iniciação a Umbanda, a magia da Paz - Diamantino Fernandes Trindade
(Contato do texto Ronaldo Linares)
CURIOSIDADE
Após a incorporação do Caboclo das Sete
Encruzilhadas o mesmo disse que iria subir para par passagem a outra entidade
que desejava se manifestar. Assim, se manifestou no corpo de Zélio de Morais, o
espírito do velho ex escravo, que parecida demonstrar sentir-se pouco a vontade
perante a tanta gente, e que recusando-se a permanecer na mesa onde se dera a
incorporação procurava passar despercebido, humilde, e curvado, aparentando
muita idade e aparentando o corpo curvado, o que dava ao jovem Zélio um aspecto
estranho, quase irreal. Essa entidade parecia tão pouca a vontade que logo despertou
um profundo sentimento de compaixão e de solidariedade entre os presentes.
Perguntando então porque não se sentava
a mesa, com os demais irmãos encarnados, respondeu: “Negro num senta não meu sinhô, negro fica aqui mesmo. Isso é coisa de
sinhô branco i negro deve arrespeitá”
Era a primeira manifestação desse
espírito iluminado, mas a morte não retoca seu escolhido, mudando-o para o bem
ou mal, não havia afastado desse injustiçado o medo que ele tantas vezes havia
sentido antes a prepotência do branco escravagista e, antes a insistência de
seus interlocutores, disse: “Num carece preocupa
não, negro fica nu toco que é lugá di negro” Procurava assim, demostrar que
se contentava em ocupar um lugar mais singelo, para não melindrar nenhum dos
presentes.
Indagado sobre o seu nome disse que era “Tonho” e que era ”Pai Antônio” surge assim essa forma de chamar os Pretos Velhos de “Pai” Perguntou de como havia sido a
sua morte, disse que havia ido a mata apanhar lenha, sentiu alguma coisa
estranha, sentou-se e nada mais se lembrava.
Sensibilizado com tanta humildade alguém
lhe perguntou respeitosamente: “Vovô”, o senhor tem saudade de alguma coisa que
deixou ficar na terra? E este respondeu “Minha
cachimba. Negro qué o pito que deixou no toco...Manda muréque busca. ” Grande espanto tomou conta dos presentes. Era
a primeira vez que algum espírito pedia alguma coisa de material e a surpresa
foi logo substituída pelo desejo de atender o pedido do velhinho.
Na reunião seguinte, muitos pensaram no
pedido e uma porção de cachimbo dos mais diferentes tipos apareceu nas mãos dos
frequentadores da casa, incluindo-se alguns médiuns que haviam sido afastados de
centros espíritas Kardecistas justamente porque haviam permitido a incorporação
de índios, pobres ou pretos como aquele e que solidários buscavam nova casa, a Tenda
Nossa Senhora da Piedade, e oportunidade que lhes fora negada em seus centros
de origem.
A alegria do velhinho, em poder pitar
novamente o seu cachimbo, logo seria repetida quando os outros médiuns já mencionados
também passaram livremente a permitir a presença de seus caboclos, de seus
pretos velhos e demais entidades.
Atualmente sabe-se que o uso do fumo
pelas entidades incorporadas tem o efeito purificador quando estas atendem
alguma pessoa com problemas espirituais. A fumaça age como um desagregador de
maus fluidos atingindo o perispírito dos espíritos obsessores.
Estes médiuns começaram a enriquecer o
ritual umbandista com práticas de Candomblé conhecidas por eles, sincretismos
dos Orixás com os santos católicos etc.
Foram introduzidos assim, comidas de
santo, atabaques, agogôs e outros instrumentos musicais etc. Este fato ocorreu
com as tendas nascidas da Tenda Nossa Senhora da Piedade pois nesta, nunca
foram utilizados atabaques ou palmas.
Outros fatos determinantes de raça negra
no candomblé são as oferendas. (Obrigações aos Orixás)
Texto
tirado do livro Iniciação a Umbanda, a magia da Paz -Diamantino Fernandes Trindade
(Entrevista feita por Ronaldo Linares), Imagens da Internet
Zélio Fernandino de Morais
Zélia e Zilméia de Morais filhas do Zélio
Caboclo das Sete Encruzilhadas
Trecho dos trabalhos realizado na Tenda Nossa Senhora da Piedade retirado da página do Youtube Radio Toques de Aruanda
Orixás
Os Orixás são muito mais que Deuses africanos, são a própria força
da natureza. Cada Orixá possui uma característica própria composta
por cores, comidas, cantigas, Etc....
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